REPUTAÇÃO E CARÁTER


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Texto: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” ‭(‭Mt ‭5.16‬ ‭ARA).

INTRODUÇÃO


“Reputação é o que os homens pensam de nós; caráter é o que Deus sabe de nós.” (Thomas Paine)

Apesar da responsabilidade que temos, como cristãos, de ser modelo e referência para as pessoas, nossa preocupação não deve ser preservar o bom testemunho apenas quando somos vistos. É possível ter desvios de conduta quando não somos observados, mas viver de forma teatral e dissimulada aparentando o que não somos.

Uma definição popular de caráter e muito antiga diz: “Caráter é o que você é quando ninguém está olhando”. A conduta dúbia, com comportamentos diferentes quando há ou não plateia, revela a necessidade de se trabalhar o caráter.

Arthur Schopenhauer declarou: “Os homens mostram seu caráter de maneira mais clara nas trivialidades, quando não estão sendo observados”.

Moisés foi um grande líder, o maior expoente do Antigo Testamento. Ainda assim, teve que lidar com as suas fraquezas e limitações, inerentes a todos os homens de todas as épocas, tal qual o profeta Elias de quem a Bíblia afirma: “(...) era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos (...)” (Tg 5.17 ARA).

Esses dois heróis da fé embora tenham sido usados por Deus de forma extraordinária eram homens e precisaram ser moldados pelo Senhor, assim como você e eu também necessitamos.

Quero destacar um episódio da vida de Moisés que está descrito em Êxodo 2.11-15:

“Naqueles dias, sendo Moisés já homem, saiu a seus irmãos e viu os seus labores penosos; e viu que certo egípcio espancava um hebreu, um do seu povo. Olhou de um e de outro lado, e, vendo que não havia ali ninguém, matou o egípcio, e o escondeu na areia. Saiu no dia seguinte,e eis que dois hebreus estavam brigando; e disse ao culpado: Por que espancas o teu próximo? O qual respondeu: Quem te pôs por príncipe e juiz sobre nós? Pensas matar-me, como mataste o egípcio? Temeu pois, Moisés e disse: Com certeza o descobriram. Informado desse caso, procurou Faraó matar a Moisés; porém Moisés fugiu da presença de Faraó e se deteve na terra de Midiã; e assentou-se junto a um poço”
(Êx 2.11-15 ARA).

Note a frase “olhou de um e de outro lado, e, vendo que não havia ali ninguém, matou o egípcio”. Por qual motivo Moisés olhou para os lados? Você acha que se houvesse testemunhas ele mataria o egípcio? É claro que não!

Naquele momento, ter ou não público determinou o comportamento de Moisés.

Muitas vezes agimos de forma semelhante. Porém, se você não faria algo na frente de outros, também não deveria fazer quando se encontra sozinho. Se aquilo que você assiste quando está sozinho, não teria coragem de assistir com alguém ao seu lado, então é óbvio que não devia estar assistindo a sós.

A coragem de Moisés, de matar o egípcio, proveio da falta de testemunhas. O mesmo acontece hoje. Acreditamos que, se ninguém está vendo, ninguém ficará sabendo. Porém o texto bíblico nos ensina que aquilo que achamos que ninguém viu, será descoberto. (O exemplo do boletim do filho do Irlan)

I - NÃO VIVA EM FUNÇÃO DA VIGILÂNCIA DOS HOMENS

Caráter tem a ver com os valores que cultivamos no íntimo, os quais nos obrigamos a praticar mesmo sem ninguém para observar.

Quem deixa de fazer o mal apenas porque está sendo vigiado não está preocupado com caráter, mas somente com reputação, ou seja, com o que pensam dele. Uma boa distinção entre caráter e reputação foi dita pelo pastor Danilo Figueira que declarou:

“O que sou à luz determina minha credibilidade. O que sou no escuro determina minha autoridade. Diante dos homens precisamos de reputação, pois ela traz credibilidade, mas diante de Deus o que vale é o caráter. É daí que vem a autoridade”.

Zelar pela reputação é bom, até porque a Palavra de Deus nos ensina a dar valor a ela: “Mais vale o bom nome do que as muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a prata e o ouro” (Pv 22.1 ARA).

Um bom nome (ou boa reputação) é um dos maiores tesouros que podemos cultivar. No entanto deve ser extensão do caráter, e não uma forma de enganar aos que não conseguem ver nosso íntimo. Jesus confrontou os fariseus, repetidas vezes, por causa disso. Ele nos ensinou que uma boa reputação sem caráter não passa de hipocrisia!

“Tenham o cuidado de não praticar suas obras de justiça diante dos outros para serem vistos por eles. Se fizerem isso, vocês não terão nenhuma recompensa do Pai celestial” (Mt 6.1 NVI).

Obviamente Jesus não fala contra o ser visto pelos homens – uma vez que, no mesmo sermão do Monte, Ele já havia dito que nossas boas obras, quando vistas pelos homens, podem levar outros a glorificar a Deus.

“Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus” (Mt 5.16 NVI).

Jesus censurava os fariseus pelo fato de que eles só faziam o bem porque queriam ser vistos pelos homens. Estavam apenas construindo reputação. Não fariam em oculto, no privado, aquilo que se propunham a fazer à luz, em público.

O mesmo ensino é encontrado em diferentes porções das Escrituras Sagradas. Observe o que Paulo falou acerca do comportamento que os servos devem ter:

“Escravos, obedeçam em tudo a seus senhores terrenos, não somente para agradá-los quando eles estão observando, mas com sinceridade de coração, pelo fato de vocês temerem o Senhor. Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo o Senhor, que vocês estão servindo”
(Cl 3.22-24).

Repare na frase “não somente para agradá-los quando eles estão observando”. Indica que a produtividade do cristão não deveria melhorar só quando conta com uma plateia. Por essa razão, acrescenta a expressão “mas com sinceridade de coração”, que denuncia o fingimento quando se faz só para ser visto. Então o apóstolo nos leva ao entendimento do que é caráter: “Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor”. Esse é o segredo!

Não posso evitar o mal ou dedicar-me a fazer o bem só quando sou visto pelos homens. Mesmo que ninguém esteja me olhando, Deus vê. E é a Ele que devo me empenhar em honrar e agradar.

Vejamos o exemplo de integridade de José do Egito:

“E, depois de certo tempo, a mulher do seu senhor começou a cobiçá-lo e o convidou: ‘Venha, deite-se comigo!’ Mas ele se recusou e lhe disse: ‘Meu senhor não se preocupa com coisa alguma de sua casa, e tudo o que tem deixou aos meus cuidados. Ninguém desta casa está acima de mim. Ele nada me negou, a não ser a senhora, porque é a mulher dele. Como poderia eu, então, cometer algo tão perverso e pecar contra Deus?’ Assim, embora ela insistisse com José dia após dia, ele se recusava a deitar-se com ela e evitava ficar perto dela. Um dia ele entrou na casa para fazer suas tarefas, e nenhum dos empregados ali se encontrava. Ela o agarrou pelo manto e voltou a convidá-lo: ‘Vamos, deite-se comigo!’ Mas ele fugiu da casa, deixando o manto na mão dela”
(Gn 39.7-12).

O comportamento de José muito nos ensina. Ele não estava preocupado apenas com sua reputação, com o que os homens diriam a respeito dele. Caso contrário, teria aproveitado as “oportunidades” que teve de se deitar com a mulher de Potifar. Até porque ele teve o “cenário perfeito” para o deslize quando se viu sozinho com ela em casa. Nenhum dos empregados estava ali. Seria, na perspectiva maligna, a “hora perfeita” para fazer aquilo sem ser visto por mais ninguém. Porém a Bíblia revela duas lições importantes sobre a atitude desse tremendo homem de Deus:

1. Ele se recusava a deitar com ela e…
2. Evitava ficar perto dela.

A decisão de recusar deitar-se com aquela mulher mostra integridade. Já a decisão de evitar ficar perto dela revela o reconhecimento de sua fragilidade. Reconhecer o perigo da queda leva a andar em vigilância. A Palavra de Deus alerta que quem brinca com fogo acaba se queimando: “Pode alguém colocar fogo no peito sem queimar a roupa? Pode alguém andar sobre brasas sem queimar os pés?” (Pv 6.27,28 NVI).

José queria agradar a Deus. Ele não falou apenas sobre pecar contra seu senhor terreno, mas contra o Senhor Celestial: “Como poderia eu, então, cometer algo tão perverso e pecar contra Deus?”

Aqui temos um dos pontos altos da lição que José ensina: Não importa se há ou não testemunhas humanas, os olhos de Deus estão sobre nós.

II - O DEUS QUE TUDO VÊ

Deus é chamado, na Bíblia, pelo nome de “El-Roí”, que significa “o Deus que tudo vê” (Gn 16.13). Esse é um entendimento que devemos absorver profundamente.

Quando Adão e Eva pecaram e acreditaram que poderiam esconder-se, esqueceram-se do Deus que tudo vê.

Quando Moisés olhou de um e outro lado e encorajou-se a matar o egípcio, porque não havia testemunhas, esqueceu-se do Deus que tudo vê.

Quando Davi mandou trazer Bate-Seba para o palácio, esqueceu-se que, mesmo que Urias, o marido dela, não descobrisse a verdadeira paternidade da criança gerada em uma relação adúltera, há um Deus que tudo vê.

O conceito de um Deus que tudo vê não se limita a um Deus que consegue se manter bem informado, e sim, ao que Ele fará com aquilo que vê. Todos nós prestaremos contas ao Deus que tudo vê. Essa é uma verdade ampla e claramente ensinada na Palavra de Deus, que também ensina que os olhos do Senhor estão em todo lugar e atentam para cada passo do homem:

“E não há criatura que não seja manifesta na sua presença, pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas” (Hb 4.13 ARA).

“Os olhos de Deus estão sobre os caminhos do homem e veem todos os seus passos” (Jó 34.21 ARA).

“Porque os caminhos do homem estão perante os olhos do Senhor, e ele considera todas as suas veredas” (Pv 5.21 ARA).

“Os olhos do Senhor estão em todo lugar contemplando os maus e os bons” (Pv 15.3 ARA).

O motivo pelo qual a Bíblia destaca que Deus vê todas as coisas nos remete à futura prestação de contas. Ou seja, podemos até achar que muito do que fizemos nessa vida ficará eternamente em segredo, mas isso não é verdade. Chegará o dia em que tudo o que estava oculto será trazido à luz.

III - TUDO SERÁ DESCOBERTO

Nada que fazemos escondido permanecerá escondido. Um dia tudo será revelado! Tudo o que fazemos está sendo registrado, ainda que não seja por uma filmadora ou por um celular ou por qualquer outro dispositivo tecnológico que conhecemos.

Não há nada oculto que não será descoberto, foi o próprio Senhor Jesus Cristo quem declarou: “Portanto, não os temais; pois nada há encoberto, que não venha a ser revelado; nem oculto, que não venha a ser conhecido” (Mt 10.26 ARA).

Muita gente “varre a sujeira para baixo do tapete”, achando que permanecerá sempre lá. Grande equívoco! Deus disse, pelo profeta Naum que “levantaria o vestido” da cidade de Nínive: “Eis que eu estou contra ti diz o Senhor dos Exércitos; levantarei as abas de tua saia sobre o teu rosto, e mostrarei às nações a tua nudez, e aos reinos, as tuas vergonhas” (Na 3.5 ARA).

O Senhor mostraria publicamente a nudez que Nínive queria manter oculta. Deus iria expor as suas vergonhas. É exatamente isso que está acontecendo com o Brasil. O Senhor tem usado a "Lava Jato" para expor as vergonhas da nossa nação para o mundo inteiro. Toda sujeira, farsa, impunidade, corrupção, estão patentes aos olhos de todos.

IV - JUÍZO IMEDIATO E NÃO IMEDIATO

Nem tudo o que fazemos de errado será exposto de imediato. Algumas coisas demoram para vir à luz. E a Bíblia mostra a distinção: “Os pecados de alguns homens são notórios e levam a juízo, ao passo que os de outros só mais tarde se manifestam” (1 Tm 5.24).

O que, exatamente, leva cada tipo de pecado a ser revelado antes ou depois, eu não sei. Prefiro creditar isso na conta da soberania do Deus que sabe muito bem tudo que faz. O certo é que tudo será julgado, ainda que possa ocorrer em tempos distintos na vida das pessoas.

Um dos motivos pelos quais desconfio que o juízo nem sempre se dê imediatamente é a expectativa de Deus pelo arrependimento. Encontramos um exemplo na carta à Igreja de Tiatira, no Apocalipse, quando o Senhor repreende uma mulher que é chamada de Jezabel:

“Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se da sua prostituição. Eis que a prostro de cama, bem como em grande tribulação os que com ela adulteram, caso não se arrependam das obras que ela incita. Matarei os seus filhos, e todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que sonda mentes e corações, e vos darei a cada um segundo as vossas obras” (Ap 2.21-23).

Muitos não entendem a longanimidade divina e a interpretam como impunidade. Deus disse que, antes de trazer juízo, dá tempo para haver arrependimento. Ou seja, uma das razões para que o juízo não seja imediato é a misericórdia divina. Tiago, o irmão do Senhor, afirmou que “a misericórdia triunfa sobre o juízo” (Tg 2.13). Podemos dizer que ela precede o juízo, para que este não seja necessário. Mas quando a misericórdia é desprezada, o juízo certamente se manifestará!

Independentemente de as pessoas se arrependerem ou não, o que determinaria juízo imediato ou posterior, as Sagradas Escrituras ensinam que Deus julgará os segredos dos homens: “No dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o meu evangelho” (Rm 2.16).

Sim, isso mesmo que o apóstolo Paulo está afirmando. Os segredos dos homens serão julgados! Isso implica que eles sejam primeiro revelados, antes de receberem a manifestação do juízo.

CONCLUSÃO

Mais do que reputação, temos que manifestar caráter – aquilo que devemos ser aos olhos de Deus mesmo que ninguém mais nos veja. Precisamos viver conscientes de que Deus sempre nos vê e o que somos, devemos ser por causa dEle, não dos outros, quer nos vejam ou não. Primeiramente por amor, mas também por profundo temor e senso de responsabilidade.

Uma boa reputação, um bom nome não é garantia suficiente para nos levar ao céu. Porém, um caráter santo e íntegro nos leva a ver a face de Deus.

“Deveríamos estar mais preocupados com um caráter nobre e rico do que com uma boa reputação. A popularidade pode ser alcançada muito rapidamente, mas um caráter nobre é o produto de anos de treinamento e disciplina divinos.” (Smith Wigglesworth)

PR. CÉSAR BRAGA

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