A BREVIDADE DA VIDA



A BREVIDADE DA VIDA

Texto: Tiago 4.13-17; Salmos 144.4 e 39.4-7  >> BAIXE AQUI! <<


Introdução

Quando o Senhor criou o homem fez à sua imagem e semelhança, portanto, como Deus ele era imortal. “Ao Rei eterno, o único Deus, imortal e invisível, sejam honra e glória para todo o sempre. Amém” ‭(‭1 Tm ‭1.17‬). “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim” ‭(‭Ap ‭22.13‬). A morte não fazia parte do plano original de Deus para o homem. Ela entrou na história da raça humana com o advento do pecado (Gn 2.16-17). É por isso que nós não aceitamos a morte, lutamos com todas as nossas forças para viver.

Antes do dilúvio a Bíblia traz o registo de pessoas que viveram muitos anos. Por exemplo: Adão viveu 930 anos; Sete, 912 anos; Noé, 950 anos e Matusalém, o recordista, viveu 969 anos. Entretanto, o pecado foi se multiplicando na terra a ponto de Deus declarar que se arrependia de ter feito o homem:

“O Senhor viu que a perversidade do homem tinha aumentado na terra e que toda a inclinação dos pensamentos do seu coração era sempre e somente para o mal. Então o Senhor arrependeu-se de ter feito o homem sobre a terra, e isso cortou-lhe o coração.” ‭(‭Gn ‭6.5-6‬)

Após o dilúvio, o tempo de vida do homem foi sendo reduzido de forma progressiva. Por exemplo, Arfaxade, filho de Sem e neto de Noé, que nasceu 2 anos após o dilúvio, viveu 438 anos; Selá, filho de Arfaxade, viveu 433 anos; seu filho, Héber, viveu 464 anos e já na 5ª geração a vida diminuiu para 241 anos (Gn 11). Terá, pai de Abraão, viveu 205 anos, Abraão 175 anos (Gn 25.7), Isaque 180 anos (Gn 35.28) e Jacó 147 anos (Gn 47.28). A partir daí as idades foram diminuindo e Moisés viveu 120 anos, já o rei Davi, cerca de 70 anos.

Voltando para os dias atuais, segundo o Guinnes Book, a pessoa viva mais velha do mundo é atualmente a japonesa Nabi Tajima, com 117 anos e 49 dias, nascida em 4/8/1900, seguida de perto pela também japonesa Chiyo Miyako, com 116 anos e 143 dias, nascida em 2/5/1901; e a pessoa que mais viveu no mundo foi a francesa Jeanne Calment, que faleceu em 1997 com 122 anos e 164 dias. (Dados do Gerontology Research Group, atualizados até 22/09/2017)

“Então disse o Senhor: Por causa da perversidade do homem, meu Espírito não contenderá com ele para sempre; ele só viverá cento e vinte anos” ‭(‭Gn ‭6.3‬).

Concluímos, portanto, que a brevidade da vida humana está intimamente ligada à prática do pecado. A Bíblia diz “porque o salário do pecado é a morte (...)” (Rm 6.23).

Quando sou convidado a pregar num velório, o que já me aconteceu inúmeras vezes, costumo ler o texto de Eclesiastes 7.2 que diz: "Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há festa; pois naquela se vê o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração, ou, que o tomem em consideração." Uma visita a um lar abalado pela tragédia da morte nos relembra a brevidade da vida e a necessidade de vivermos com sabedoria e intensidade aproveitando o pouco tempo da nossa existência humana. O Senhor nos ensina que essa visita a um velório é melhor do que a um lugar onde há festa.

Vou tomar como base o texto de Tiago 4.13-17 para responder a pergunta:

De que maneira o cristão deve encarar a vida?

I) Reconhecendo que a vida é breve e imprevisível.


“Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa” ‭(‭Tg ‭4.13-14‬).

O apóstolo Tiago nos adverte sobre a brevidade dessa vida e, também, que ela é imprevisível. Ele condena a arrogância das pessoas que viviam como se fossem soberanas, oniscientes e auto-suficientes. A verdade é que nossa vida é como um vapor que aparece e logo se desvanece.

Quantas vezes nesses últimos anos, temos sido lembrados de que a nossa vida é breve. Que nenhum de nós é capaz de controlar seu destino. Que ninguém de fato sabe o que acontecerá amanhã. Como já disse, toda vez que vou a um velório sou advertido quanto a isso.

Talvez, pensar nessas coisas leve você ao desespero. Porém, como cristão, pensar nessa realidade deve nos conduzir a uma atitude de dependência e esperança. Não em nós mesmos, mas no Senhor, o único que sabe exatamente tudo o que acontecerá conosco amanhã. Até o número dos nossos dias Ele sabe! O salmista falando da onipresença e onisciência de Deus descreve: “Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda.”
‭(‭Sl ‭139.16‬)

Não quero atemorizar você, mas fazê-lo refletir. Cada dia que passa, temos exatamente um dia a menos para gastar com as pessoas que amamos e com o Reino do nosso Deus. A pergunta que não quer calar é: Como estamos investindo nossa vida, nosso tempo? Estamos vivendo hoje para a eternidade?

Infelizmente, algumas pessoas vivem como se fossem indestrutíveis, como se não fossem morrer um dia, ou como se fossem mestres do seu próprio destino. Tiago condena esse tipo de humanismo, secularismo, que exalta o homem e seus planos, sem levar em conta a vontade de Deus. “Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros” ‭(‭Tg ‭4:13‬).

Não há nada de errado em planejar. A Bíblia nos encoraja a sermos diligentes, a planejar o futuro, como a formiga que prepara sua casa para o inverno. Mas nunca somos encorajados a planejar nosso futuro num vácuo de auto-suficiência sem a presença de Deus, pois no momento em que o Senhor tira de nós o seu fôlego de vida, paramos de respirar, o coração para de bombear sangue para o nosso cérebro e tudo se acaba. Tudo que fazemos tem que ser submetido ao Plano Divino. Tudo que planejamos tem que ser compatível com os valores bíblicos. Tudo que sonhamos tem que ser coerente com o uso de nossas vidas para eternidade. Planeje sua vida profissional, seu casamento, sua família, seu ministério..., mas nunca deixe o Senhor fora dos seus planos.

Enquanto planejamos, nunca podemos esquecer de quem somos. Somos seres finitos, limitados, fracos, extremamente dependentes de Deus e dos outros e inseridos em um mundo contaminado pelo pecado onde impera a maldade e o egoísmo. 

Somos ignorantes quanto ao nosso futuro.

“Vocês nem sabem o que acontecerá amanhã! (...)”
‭(‭Tg ‭4:14‬)

Somos ignorantes quanto ao nosso futuro. Não somos oniscientes. Por isso, devemos viver não num vácuo de auto-suficiência, mas numa redoma de fé e confiança, crendo que o Deus onisciente sabe o que é melhor para nós, que Ele se importa conosco, que Ele tem planos para nossa vida e que é capaz de nos direcionar. Em suma, podemos lançar sobre Ele toda a nossa ansiedade porque Ele tem cuidado de nós!

Somos impotentes.

Diferentemente de Deus, nós não somos onipotentes. Jesus disse que não temos poder de acrescentar um fio de cabelo na nossa cabeça nem podemos acrescentar mais uma hora à nossa vida (Mt 6.27). O apóstolo Tiago declara que somos “como neblina que aparece por um pouco de tempo e logo se dissipa” ‭(‭Tg ‭4:14‬).

De que maneira o cristão deve encarar a vida?

II) Reconhecendo que Deus é soberano.

“Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo.”
‭(‭Tg ‭4:15‬)

Uma fábula européia, diz que: “Havia uma aranha no canto de um celeiro que admirava tanto sua teia, que todos os dias ela limpava, arrumava e mostrava para todos que passavam. Porém um dia, enquanto admirava sua bela obra de arte, ficou incomodada com a única coisa que impedia que aquela fosse a melhor teia de aranha na história do mundo. Aquele fio lá em cima que estragava toda a estética do resto. Não teve dúvidas, cortou logo o fio que ligava sua teia ao teto, porém seu mundo ruiu."

Infelizmente é isso que muitas pessoas, até crentes, estão fazendo. Cortam o fio que leva a Deus. Decidem que podem construir sua teia de aranha sem nenhum fio no teto e acabam abandonando a fé e o Senhor.  

Expressamos nossa confiança na soberania de Deus através de um reconhecimento de que Deus tem tudo sob o seu controle. “Se o Senhor quiser (...)” Está frase expressa a confiança do nosso coração e mostra que somos seres dependentes, não autônomos, incapazes de fazer nada fora da orientação de Deus. Essa atitude fere o nosso orgulho e elimina a nossa arrogância. 

Observe que a soberania de Deus não nos isenta de planejar. Continuamos fazendo planos, mas são planos contingentes, dependentes, provisórios. “(...) Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo.” Tudo condicionado à vontade de Deus, coerente com seus valores.

De que maneira o cristão deve encarar a vida?

III) Reconhecendo que a auto-suficiência é pecado.

“Agora, entretanto, vos jactais/gabais das vossas arrogantes pretensões. Toda jactância/arrogância semelhante a essa é maligna. Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando” ‭(‭Tg ‭4.16-17‬).

O texto termina com uma advertência contra auto-suficiência. Quando fazemos planos num vácuo de auto-suficiência, somos orgulhosos, arrogantes e soberbos. Excluímos Deus dos nossos planos e das nossas vidas.  

Essa foi a atitude do diabo! “Toda jactância semelhante a essa é maligna.” Isto é, vem do diabo. Ele quis construir seu próprio império independente de Deus. Ele quis ser Deus. Sua ambição, seu egoísmo levou a sua queda.

Conclusão

Qual é o bem que se deve fazer nesse contexto do versículo 17? Viver sua breve e imprevisível vida debaixo da soberania de Deus, investindo seus poucos anos em prol das pessoas e do Reino de Deus!

Quem não vive para servir, não serve para viver!

PR. CÉSAR BRAGA

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